terça-feira, 31 de maio de 2016

"O Doido e a Morte"

   Na peça "O Doido e a Morte" são-nos apresentadas duas personagens principais, o Governador Civil e o Sr. Milhões. Tanto uma como a outra são bastante importantes para o desenrolar desta obra e, nomeadamente, para criticar certas atitudes ou situações ainda presentes na nossa sociedade.
   A meu ver, um dos momentos mais relevantes para o desenrolar da peça são, quando o Sr.Milhões aparece junto ao Governador Civil e diz-lhe que iam morrer, uma vez que tinha trazido consigo uma "bomba", o que, na verdade, era algodão em rama.
   Nesta cena, está presente uma critica ao exagero da sociedade, dado que o Sr. Milhões aparenta ser uma pessoa "louca" ao desejar, quer a sua morte, quer a morte do Governador Civil. Apesar disso, é bastante importante para o desenrolar da história, na medida que desperta alguma curiosidade no que irá acontecer e como o Governador Civil reagirá a esta situação de desespero.
   Além disso, outro momento, também importante, é quando Aninhas, mulher do Governador Civil, entra para o salvar daquela situação. Mas tal não acontece. A atitude desta personagem mostra-nos que, afinal, não estava interessada em salvá-lo, mas sim, salvar-se a si pópria.
   Assim, tudo o que referi, contribui para destacar a critica presente à sociedade ao longo de toda esta obra.

Livros de Linhagens e Fernão Lopes

   Os livros de linhagens são registos medievais de famílias nobres até ao século XVI. O principal objetivo destes textos corresponde aos interesses da nobreza, na medida em que registam as linhas de descendência, defendendo, assim, os direitos patrimoniais evitando casamentos incestuosos.
   São conhecidos alguns livros de linhagens, entre os quais se destacam o "Livro Velho", "Livro de Deão" e, por último, o livro de autoria do Conde de Barcelos. Cada um destes livros contêm lendas, geneologias e histórias de famílias nobres. No entanto, nem tudo o que estava escrito era verdadeiro, uma vez que se notava, de certa forma, algum exagero.
   Contudo, os textos de Fernão Lopes são um pouco diferentes dos Livros de Linhagens, visto que o seu objetivo era contar histórias o mais próximo da realidade possível, e para isso, recorria-se a fontes orais e escritas.
   Assim, percebemos que, ao lermos os textos apresentados de Fernão Lopes, obtíamos informação mais verdadeia e objetiva, enquanto que nos Livros de Linhagens existe um enorme exagero, isto é, nem tudo o que é escrito é verdadeiro.

A poesia de Sophia de Mello Breyner

   Sophia de Mello Breyner é uma das poetisas mais importantes do século XX. Na sua poesia existe um contraste evidente entre a cidade e a natureza, onde esta caracteriza a cidade como um espaço de desordem e injustiça, e em oposição, a natureza é destacada como um espaço de felicidade, onde Sophia sente uma enorme liberdade e tranquilidade.
   Na minha opinião, um dos aspetos mais importantes na poesia de Sophia é o valor que esta dá à natureza considerando-a um exemplo de liberdade e beleza e também a presença do mar nos seus poemas.
  Para além destes conceitos, outros dos aspetos mais relevantes é o facto de através de alguns dos seus poemas percebemos que esta dá uma grande importância ao seu sentido e, quando os lêmos, transmitem-nos uma ideia de algo pessoal e estabelecemos, de imediato, uma ligação à poeta.
   Com base na experiência de leitura da poesia de Sophia de Mello Breyner, percebi que há algo que a poeta nos quer transmitir através dos seus poemas, da sua forma de escrita e do contraste existente, na sua poesia, entre a cidade e a natureza.

sexta-feira, 18 de março de 2016

"Aparição", de Vergílio Ferreira

  "Aparição" é um romance de Vergílio Ferreira que se baseia na filosofia existencialista, que aborda o tema do "milagre de ser".
  Alberto Soares é a personagem principal e identifica-se, de certo modo, com o autor desta obra. Nasceu numa aldeia da Serra da Estrela e teve uma educação tradicional em que os valores religiosos eram bastante importantes. Assim, ia à missa e era crente, em criança. No entanto, deixa de o ser quando, numa noite de Natal, encontra o cão Mondego, que estimava, morto. É a partir dessa noite que se torna uma personagem muito angustiada, porque, não havendo Deus para ele, tem de "reconstruir" a sua vida a partir de si próprio.
  Para além de Alberto Soares ser bastante importante na obra, do ponto de vista da ação, também é para o autor, uma vez que consegue, através da personagem, expor a doutrina existencialista, que considera o homem um ser livre que constrói o seu próprio destino e que não há mais nada para além da morte.
  Penso que Alberto Soares procurou definir-se perante si próprio e perante outros, opondo-se aos valores religiosos que recebeu nas suas origens. Foi esta maneira de pensar da personagem que me despertou algum interesse e curiosidade face à mesma. Também achei interessante o facto de a palavra do professor Alberto Soares ter sido mal interpretada por outra personagem, um tanto "louca", o Bexiguinha, que acaba por cometer algumas loucuras, fazendo com que Alberto se sinta responsável.
  Concluindo, a personagem principal desta narrativa, mostra-nos certas inquietações muito comuns de alguns seres humanos.

"Balada do Caixão", de António Nobre

  O tema do poema "Balada do caixão", de António Nobre, é a morte. Neste texto, o assunto tratado é a antevisão e preparação do sujeito poético para o fim da sua vida. No que toca às linhas temáticas e às características do estilo e da linguagem da poesia de António Nobre, podemos encontrar temas mórbidos e a obsessão pela morte, sendo este o tema do poema. Como já foi dito, encontramos a conjugação do humor com temas sérios -«(...) Nenhum de vós, ao meu enterro,/ Irá mais dânde, olhai! do que eu!»-. Encontramos também neste poema  um tom coloquial e pontuação que remetem para um certo prosaísmo -«(...) Fui-me lá, ontem:/ era Entrudo/ Havia imendo que fazer (...)/ Olá, bom homem! quero um fato,/ Tem que me sirva?- Vamos ver (...)»-. Em relação à influência das estéticas finisseculares, podemos ligar o gosto do poeta pelo macabro ao Decandentismo e, no que toca aos recursos estilísticos a que António Nobre recorre neste poema, temos a apóstrofe -« Ó meus Amigos! (...)»-, mas deparamo-nos principalmente com metáforas várias que compõem o eufemismo da morte ao longo do texto -« O meu vizinho é carpinteiro/ Algibebe da Dona Morte./ Penteia e cose, o dia inteiro,/ Fatos de pau de toda a sorte (...)»-.


Adriana Fernandes e Teresa Raposo

Amadeo de Souza Cardoso

Amadeo de Souza-Cardoso, nascido a 14 de novembro de 1887, em Amarante, é considerado o pintor mais representativo do modernismo português do princípio do século XX.
Filho de Emília Cândida Ferreira Cardoso e José Emygdio de Sousa Cardoso, membros de uma poderosa família da burguesia rural, Amadeo cresceu num ambiente de privilégio e beneficiou de uma educação de nível elevado. Já em 1905, entra no curso preparatório de desenho Academia Real de Belas-Artes, em Lisboa, tendo partido em novembro desse ano para Paris, onde se instala no bairro de Montparnasse, famoso pelo seu ambiente boémio e pela sua concentração de artistas e intelectuais e vem então a realizar a sua primeira exposição no seu atelier parisiense, juntamente com o pintor italiano Modigliani, de quem se tornara amigo. Também estabeleceu laços de amizade com Robert Delaunay, Juan Gris e Max Jacob, entre outros. 
Em 1913, após publicar o álbum XX Dessins, em Berlim, e ilustrar o manuscrito de La legende, de Flaubert, é selecionado para participar na exposição que o levaria a conhecer o modernismo europeu aos Estados Unidos. No ano seguinte regressa a Portugal e à sua terra natal. No nosso país, Amadeo é incompreendido nas novas tendências de arte que representa- o expressionismo, o cubismo, o futurismo, o abstracionismo-, com exposições individuais mal recebidas no Porto e em Lisboa, sobretudo pelo choque que causaram na tradicional sociedade lusa. Entretanto, durante uma estadia na capital, estabelece amizade com Almada Negreiros e o grupo Orpheu.
No período final da sua vida seria afligido por uma doença de pele que lhe desfigura o rosto e o impede de trabalhar com as mãos. Debilitado, abandona Manhufe rumo à cidade costeira de Espinho para evitar a epidemia de Gripe Espanhola. Porém, vem a falecer a 25 de outubro de 1918, em Espinho, vítima da febre pneumónica. 

Adriana Fernandes, Ana Cruz

Eça de Queiroz

  Eça de Queiroz nasceu na Póvoa de Verzim a 25 de novembro de 1845. Foi um dos maiores romancistas la literatura portuguesa, como sabem, e muitos consideram que foi o principal escritor realista português e um grande renovador da prosa literária. Aderiu às correntes literárias do realismo e do naturalismo, e em quase todas as suas obras podemos encontrar um tom irónico e um tanto provocatório ou satanista, como, por exemplo, na personagem Carlos Fredique Marques, protagonista deO Mistério da Estrada de Sintra.
   Eça começou por estudar no Porto, onde foi aluo de Ramalho de Ortigão, um dos membros da geração de 70, tal como Eça, e em 1861 ingressou no curso de Direito em Coimbra. Aí, conheceu outros dos membros da geração de 70, como Antero de Quental, e viveu num ambiente romântico de boémia e rebeldia. Mais tarde, foi para Lisboa e depois para Évora, onde começou uma carreira jornalística, dirigindo, redigindo e editando publicações como O Distrito de Évora, e colaborando noutras como A Gazeta de Portugal. Depois, sob a influência de Antero, Eça associou-se a um movimento de análise crítica à vida pública e lança as bases do naturalismo e do realismo nas Conferências do Casino. A partir desta altura, o autor inicia a vida profissional como cônsul, o que implicava diversas viagens e uma vida longe de Portugal. Em 1872, parte para Havana, em 1824, para Newcastle, em 1878, para Bristol, e em 1888 parte para Paris, onde vem a falecer a 16 de agosto de 1900.
  Devido à distância de casa, Eça depara-se com dificuldades, algo que percebemos através de uma carta que escreveu a Ramalho de Ortigão, em abril de 1878 -«Eu trabalho nas Cenas Portuguesas, mas sob a influência do desalento. Convenci-me de que um artista não pode trabalhar longe do meio em que está a sua matéria artística»-. AsCenas Portuguesas ou Cenas da vida portuguesa eram um projeto de crónica dos costumes portugueses, que deveria ser composto por um conjunto de narrativas, mas não teve o fim desejado. Apesar de tal e do desânimo evidente no excerto acima transcrito, Eça fez valer a sua atividade literária entre os anos 70 e 80, com a escrita e publicação de diversos romances realistas e naturalistas. Entre estes, temos O Crime do Padre Amaro, O primo Basílio, A Relíquia Os Maias. No entanto, Eça foi também o autor de narrativas com estilos que se afastavam um pouco destas correntes literárias, como O Mandarim. Numa carreira literária de cerca de 35 anos, marcada por uma obra muito vasta, podemos encontrar mudanças no estilo de Eça, através das quais este revela um sentido de insatisfação estética, no facto de ter submetido muitos dos seus textos a trabalhos de reescrita, mesmo após a sua publicação. 
  Os romances de Eça são todos marcados por uma caracterização minuciosa, tanto dos espaços, como das personagens. Por exemplo, muitas destas são caracterizadas como tipos sociais nos quias podemos ver aspetos fundamentais da vida pública portuguesa na segunda metade do século XIX. Aspetos, estes, alvos de uma forte crítica por parte do autor. Com o passar do tempo, estas referências realistas e naturalistas, ou seja, esta descrição cuidada da sociedade, foram sendo cada vez menos e o autor passou a focar-se mais na caracterização psicológica das suas personagens, algo que articula com a valorização de pontos de vista naturais e transformando e tempo narrativo em algo subjetivo e pessoa, como n'Os Maias. Estas transformações são consequência direta de ideologias e períodos nos quais Eça viveu, e que são tão evidentes e relevantes para a compreensão de cada obra. 
  A produção literária de Eça não se cingiu, contudo, a romances. Como referido anteriormente, o autor colaborou em jornais e escreveu diversos contos. Em toda a sua obra podemos encontrar críticas intemporais à sociedade portuguesa e até mesmo críticas fortíssimas à sua própria pessoa, tornado-se um dos mais célebres escritores e pensadores do século XIX.



Bibliografia: Machado, A. M. Dicionário de Literatura Portuguesa. Porto: Editorial Presença


Teresa Matta Raposo e Adriana Fernandes